5 de jan. de 2015

Sublimação
Dou-te o azul que não tenho
Dás-me o verde que não tens
Meus olhos impuros
Por tuas negras asas
Teu silêncio causticante
Minhas ríspidas palavras
Joguemos tudo de comer aos leões
Benzemo-nos
Meus olhos se pregam nos teus
E o que vejo me enternece
Tua palavra entra pela minha boca
E adoça minha língua
Tuas asas levam-me
Atravessamos o tempo
Perdemo-nos
Encontramo-nos
No infinito... Inspiração...

6 de mai. de 2014

...

... porque há sempre algo que se move;
talvez os ponteiros de um relógio
em rotação contrária
talvez um andar de costas 
pisando nos mesmos passos
talvez uma palavra...um retrato...

...porque há sempre uma pontada estranha
numa ferida já cicatrizada
há sempre outonos frios
chuvas nas vidraças
Há um quê de não se saber de quê...
Há essa confusão atordoada
de uma lembrança morta e enterrada
Mas tudo isso é  breve  e logo logo passa...


6 de fev. de 2014

Divagando




De ontem só a lembrança do que não foi
Lembrança boa... talvez porque não tenha sido...
e as possibilidades passam a ser muitas
num sonho não vivido...

regina ragazzi

28 de jan. de 2014

Quando a noite não passa e tudo fica ão



Quando a noite não passa e tudo fica.ão
aos olhos, aos ouvidos, em todos os sentidos
A gota que pinga de uma torneira mal fechada
O latido de um cão, de dois cães, de três...
A noite mais negra do que o negro que ela tem

E quando tudo se aquieta, o silêncio se agiganta e dói de ouvir
Os bichinhos se tornam monstrinhos (inhos e ões)
E até um pássaro canta agourento
(Aquele pássaro-pensamento que cantou suave quando era dia...)
(...de tudo, é o que mais amedronta)

E os ponteiros do relógio cada vez mais lentos
(Graças que ele é mudo no seu tic-tac...)
Só a cama fica pequena pra tanto revirar
Os olhos teimam, o corpo teima
(...e o pássaro continua a cantar)
E tudo se arrasta interminavelmente num jeito de não acabar


regina ragazzi








11 de jan. de 2014

Janeiros

Pesam-me os janeiros
Esses dias mal curados
sob calores intensos
que não acaloram mais
que não ventilam mais
que não consolam mais
que nem existem mais
Esses dias que são 
dias nenhum

regina ragazzi


10 de nov. de 2013

Momentos



Das palavras que nunca serão ditas
Das letras que nunca serão  escritas
Das vozes que nunca serão ouvidas
Dos olhares distantes
Das lágrimas vertidas em silêncio
Dos nós que estrangulam a garganta
Do corte... da dor...
Da cicatriz que ficou...

regina ragazzi

8 de nov. de 2013

No reino da fantasmia


Imagem Google


Que olhos são estes...que boca?
Que mãos estas que nunca me alcançam?
Fantasma das minhas noites
Das madrugadas vazias de lua
Teu uivo morreu  na frieza escura da tua boca
Tua sombra(que ainda me assombra)
O vento levou pra outras bandas
No entanto ainda a vejo em meus sonhos febris
Fantasma de mil disfarces
Num deles eras príncipe... depois um sapo...
E eu, passando as folhas de um livro
Àvida de sonhos , de reinos encantados
Vestidos cor-de –rosa...cristal nos sapatos...
Onde o fim das histórias?
Já se passou uma eternidade...
Nesse livro, agora quase em branco
Na minha memória....

regina ragazzi




20 de out. de 2013

Cristalino



Já não importa ...
Depois de um tempo
depurada a água
nada mais sobrou
do rio turvo que corria ao mar
por horas e horas
e incontáveis dias
num tempo que não tem
mais medida
e nem sentido contar

Já é quase verão outra vez
e mais uma vez os feriados
marcados no calendário acontecerão
sem imprevistos

E o rio, de novo cristalino
continuará passando
pelos mesmos lugares
e indo ao  mesmo destino...

regina ragazzi

10 de out. de 2013

Etéreo



O que haverá
que não vejo, que não vejo, que não vejo
mas me chama num desejo que não sei explicar
Não há asas que me levem
Não há sonho que me pouse
nesse etéreo e misterioso lugar...

O que haverá
que eu sinto, que eu sinto, que eu sinto
Pensamentos... visões de um mundo novo
Uma nuvem, um azul onde eu possa repousar
Devaneio...delírio...viagem...
Uma vontade estranha...intensa 
de me aquietar...

regina ragazzi










1 de out. de 2013

Clarice



Clarice morreu
Clarice me fez doer a dor de Clarice
Clarice tinha mãos de nicotina
e olhos de ver longe
Clarice existiu como eu
Eu sou Clarice que já morreu...

regina ragazzi

22 de set. de 2013

18 de set. de 2013

Enquanto lúcida

Quero morrer antes que me atinga a insanidade
Antes que a loucura me tome, me coma, me apague
Quero morrer lúcida... existindo  ainda ...
Quero saber de mim presença constante
Viver apenas a loucura que me consinto
dos sonhos inatingíveis,
 das viagens que me permito
 (sabendo-me sempre)
E sem sequelas após os  voos que faço
Brincar com a vida-de faz de conta-

Quero morrer antes que me atinja a insanidade
Antes que a loucura me tome, me coma, me apague

Oh Deus, piedade!!
Quando chegar a hora me mate.


regina ragazzi

30 de ago. de 2013

As(sombra)

As(s0mbra)

De onde aquela  vaga  sombra
que se assoma à  porta?
Não sei como surgiu  nem à que veio
Mas já eu me tremo toda
de ânsia e desespero
e me escondo, encolhida,
esperando pingar um sol
pra dentro da minha cozinha...

regina ragazzi

5 de ago. de 2013

Revisito-me



Num livro de páginas em branco
Fragmentos fixados na memória
histórias...
Lembro-me de mar e cinzas
e de abismos...
E de pássaros, canções, azuis...
flores perfumes, jasmins...
E de novo o mar e cinzas...
chuva fina, tempestades
e um rio vermelho
E os pássaros, as canções e os azuis...
e  portas se fechando
e  bocas se calando
e uma página negra
E os azuis, as canções, os pássaros, os jasmins, as flores...
...a tempestade, a chuva fina...
o cinza se clareando
as janelas se abrindo
E os pássaros, as canções os azuis....
e o livro se fechando

Uma história com final feliz...

regina ragazzi

22 de jul. de 2013

Fragilidade talvez...



Talvez a noite, o sopro, o frio
Talvez uma chuva fina
que a muito não cai
Talvez a gota rubra no peito
e essa sensação estranha de dor desperta
Talvez um devaneio...i
nexplicável...
regina ragazzi

16 de jun. de 2013

Divagando


Enquanto gritam multidões
Eu permaneço distante
Olhando em outra direção
E também grito
Mas meu grito só eu escuto
Não somo, não subtraio
Não multiplico, nem divido
Só grito
(mudo)
Despercebido...

regina ragazzi

18 de abr. de 2013

Ao som de...


Ao som de...

A música que embala minha poesia hoje
é sempre a mesma, e é sempre triste
Talvez porque seja outono
Talvez porque eu seja outono
Uma música sem letra
que se parece comigo
Às vezes sem palavras
mas dizendo tudo...


Falo do meu eu lírico...

regina ragazzi

14 de abr. de 2013

A parte... o todo... o tudo...



A parte...o todo...o tudo...
Como dar conta de se descobrir?
Quem entende esse mundo dentro de nós?
Quem pode dizer do que perdemos
Do que sentimos... do que vivemos...
Nossa fala é cheia de profundas pausas
O que a gente diz são apenas fragmentos
de histórias
Somos pedaços de filme cortado
e remendos feitos de sonhos
O que é real... o que é imaginário?
Tudo pode ser de repente, ao contrário


(pensamento modificado, interrompido, inacabado...)

regina ragazzi

3 de abr. de 2013

Pro dia nascer feliz



Eu vi a noite chegar
Tão escura e tão má
E fingi não ter medo
Quando olhei no seu olhar
Um olhar que já conheço

Clareou o dia
Quero borboletas, passarinhos
Risos de meninos
Sol ... muita luz
Uma voz que me diga:
"Não tenha medo..."
E faça parar de chover em mim...

regina ragazzi
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...